Não categorizado

Material das disciplinas

7192d-behaviorismoterminologiarosa

MATERIAL DAS DISCIPLINAS

Prezados, enquanto houver problemas para o acesso da plataforma Moodle, utilizaremos essa página para divulgar os arquivos e informações pertinentes às disciplinas TSP III – Behaviorismo, Processos de Aprendizagem e Memória e Metodologia de Pesquisa Aplicada à Psicologia I. Ações estão sendo empreendidas para que a resolução venha no menor tempo possível.

Para quem gosta da série The Big Bang Theory, há um vídeo (trecho de episódio) seguido de uma discussão sobre o Behaviorismo que pode ser visualizado a partir do link: The Big Bang Theory e o Behaviorismo.

Abaixo as informações sobre as matérias e os passos:

TSP III – BEHAVIORISMO

PASSO INAUGURAL 

PASSO 1Considerações Sobre uma Abordagem Comportamental para a Psicologia. Material complementar: A Psicologia como o behaviorista a vê

PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E MEMÓRIA

PASSO 7Extinção respondente e operante

PASSO 10: Esquemas de reforçamento (Consta como 9, pois houve reformulação da numeração)

METODOLOGIA DE PESQUISA

Bem_vindo

Elaboração do texto sobre a cientificidade da Psicologia

Araujo_2006_A_ciência_como_forma_de_conhecimento

Francelin_2004_Ciência,_senso_comum_e_revoluções_científicas:  Ressonâncias_e_paradoxos

 

Padrão
Não categorizado

Passo inicial

Prezado acadêmico,
você está iniciando a disciplina Teorias e Sistemas em Psicologia III – Behaviorismo do curso de Psicologia da UFF, campus de Volta Redonda. A disciplina está organizada em uma metodologia diferente daquela que você normalmente encontra na universidade. Portanto, leia com atenção oPasso Inaugural (próxima atividade) para compreender como a disciplina será conduzida.
Nesta disciplina, as atividades são centradas na leitura do material por parte dos acadêmicos, discussões com o orientador e monitora no horário previsto para a disciplina, bem como avaliações sucessivas denominadas passos. Essa estrutura é baseada no Sistema Personalizado de Ensino cuja fundamentação teórica remonta ao Behaviorismo. Aproveite as ferramentas disponibilizadas no sistema e busque o máximo de informações com o professor e a monitora.
Atente para o fato de que a disciplina está em permanente mudança e, portanto, faça sugestões sempre que possível em quaisquer materiais ou métodos utilizados. Sua contribuição auxiliará na modificação da disciplina para sua própria turma ou para turmas vindouras.
Esperamos que a experiência com o Behaviorismo e o Sistema Personalizado de Ensino seja prazerosa e instrutiva.
Grande abraço,
Arley Costa (Professor)
Raphaela Celli (Monitora)

 

 

TEORIAS E SISTEMAS EM PSICOLOGIA III – BEHAVIORISMO

COMEÇANDO
Seja bem-vindo! Você está começando uma disciplina da matriz curricular do curso de Psicologia do ICHS-UFF sob a orientação do professor Arley Costa. Estaremos juntos ao longo do semestre para discutir a Filosofia da Ciência chamada Comportamentalismo (oriundo do termo inglês Behaviorism, às vezes aportuguesado para Behaviorismo) e a abordagem dela derivada, a Análise do Comportamento. O curso está estruturado no Sistema Personalizado de Ensino e será disponibilizado para você através da plataforma Moodle do ICHS-UFF e presencialmente nos horários previstos para as aulas.
A disciplina não tem a finalidade de torná-lo um comportamentalista, mas de fornecer as bases de compreensão desta área da ciência psicológica e de alguns de seus princípios básicos. Esperamos que ao final do curso, você seja capaz de enxergar que os princípios da Análise do Comportamento estão em todos os locais da existência humana, bem como aplicá-los com propriedade. Para começar a ter uma ideia sobre o Behaviorismo no dia a dia, inclusive nos relacionamento entre casais, leia o texto Como treinar o seu marido (namorado) e Quais medos você está ensinando ao seu filho?.
Além disso, o curso pretende ser um espaço para explorar e partilhar experiências e conhecimentos sobre o Behaviorismo entre os acadêmicos, colegas, pares, professor e monitores. Esforçamo-nos para fazer com que nossa participação e a estrutura do curso orientem você ao longo do conhecimento do Behaviorismo e da Análise do Comportamento.
COMO INICIAR
1. Conheça seus instrutores
É um grande prazer para o professor e a monitora da disciplina, respectivamente Arley Costa e  Raphaela Celli, desejarem boas vindas a você que irá cursar a disciplina Behaviorismo nesse semestre. Você pode saber um pouco mais sobre nós ao visitar a página Conhecendo os instrutores. Estamos trabalhando duro para que este curso torne sua experiência de aprendizagem o mais agradável, edificante e eficiente possível, de forma que você possa visualizar e utilizar o Behaviorismo em sua prática futura.
2. Conheça a estrutura virtual do curso
É sempre uma ótima ideia conhecer os ambientes que você frequenta, inclusive no mundo da aprendizagem virtual. Se esta for sua primeira experiência em um ambiente de aprendizagem virtual como o Moodle, que estamos utilizando, dirija sua atenção para nossas orientações sobre o ambiente (AINDA NÃO DISPONÍVEL – inserir vídeo), bem como às páginas Descrição do Curso e FAQ (AINDA NÃO DISPONÍVEL – criar).
3. Entenda como se engajar no curso
Baseada no Sistema Personalizado de Ensino, essa disciplina permite que você siga em seu ritmo próprio sem ter que se adequar ao ritmo da turma ou ao determinado pelo professor. Você pode planejar suas leituras e atividades no momento em que achar mais conveniente e organizar seu tempo de acordo com sua própria programação. As avaliações de cada passo, entretanto, serão realizadas em sala de aula ou no momento e local determinado pela monitora. Apesar disso, o momento da disciplina em que você realizará cada passo é determinado pelo seu ritmo, desde que não extrapole a extensão de tempo prevista no calendário deste semestre pela UFF. Lembre que cada avaliação de passo pode ser realizada  apenas uma vez por dia, em caso de não aprovação, a realização de nova avaliação deverá aguardar até a aula seguinte.
4. Diga olá!
A leitura dos materiais e a visualização dos vídeos não são as únicas formas de se envolver com a disciplina. Você pode entrar em nosso Grupo do Facebook (AINDA NÃO DISPONÍVEL – criar) para manter contato com os instrutores e os outros acadêmicos da disciplina ou tuítar sobre a disciplina usando as hashtags XXXX (AINDA NÃO DISPONÍVEL – criar).Os Fóruns de Discussão estarão disponíveis para efetivar o contato entre os acadêmicos e contribuir com as discussões do programa da disciplina.

 

Esse semestre a disciplina funciona com um professor e uma monitora, respectivamente Arley Costa e Raphaela Celli.
ARLEY COSTA
Arley Costa

Professor Associado I do curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense, campus de Volta Redonda. Trabalha preferencialmente com as disciplinas Teorias e Sistemas em Psicologia III – Behaviorismo (VPS 00030), Processos de Aprendizagem e Memória (VPS 00023) e Metodologia de Pesquisa Aplicada à Psicologia I (VPS 00002).
Coordena o grupo de estudos em Comportamento Verbal. As reuniões do grupo ocorrem na sala 312 do bloco A todas as quintas às 14:00h.
Contatos:
Sala 312 do bloco A (UFF/PUVR)
RAPHAELA CELLI
Raphaela Celli

Acadêmica do curso de Psicologia da UFF de Volta Redonda desde o 2º semestre de 2012 e monitora de Psicologia Geral e Experimental desde o 1º semestre de 2014.

TEORIAS E SISTEMAS PSICOLÓGICOS III – BEHAVIORISMO

PASSO INAUGURAL: Sistema Personalizado de Ensino

Objetivos:

  • Identificar as características do Sistema Personalizado de Ensino (SPE);

  • Explicitar o sentido das características do SPE;

  • Descrever as mudanças no papel do professor com o uso do SPE;

  • Descrever a importância da liberação do feedback no menor intervalo temporal;

  • Explicar o mecanismo de avaliação dos passos.

O Sistema Personalizado de Ensino (SPE) é uma metodologia de ensino baseada nos pressupostos da Análise do Comportamento (AC), abordagem psicológica da filosofia da ciência do comportamento denominada comportamentalismo1. O SPE, criado pelo americano Fred Keller e utilizado pela primeira vez em 1964 na Universidade de Brasília (UNB), oferece condições efetivas para que o estudante ponha em prática processos cognitivos como analisar, sintetizar, comparar e generalizar. Os resultados obtidos com o SPE, em termos de aprendizagem, são sistematicamente melhores, ou pelo menos iguais, aos obtidos com o sistema tradicional de ensino. A eficácia foi confirmada em disciplinas das mais variadas áreas como psicologia, português, história, física e engenharia. Os resultados são tão positivos que, no texto Adeus, mestre!2, Keller defende a mudança do atual modelo de ensino e uma reconfiguração significativa do papel do professor.

A AC busca entender o comportamento observando e identificando as variáveis relevantes para, em seguida, arranjar as contingências de reforçamento que farão o comportamento mudar. Partindo desse princípio, Skinner, o mais importante teórico do comportamentalismo, afirma que “(…) precisamos encontrar práticas que permitam a todos os professores ensinar bem e a todos alunos aprender tão eficientemente quanto seus talentos permitirem”. O SPE parte desse princípio e possui cinco características principais: domínio sequencial do conteúdo, ênfase na palavra escrita; ritmo próprio; papel indispensável do tutor; e aulas e demonstrações como veículo de motivação (Todorov, Moreira, & Martone, 2009)

Domínio sequencial do conteúdo. O conteúdo a ser aprendido está dividido em pequenas unidades denominadas passos. Os passos serão realizados sequencialmente. O avanço para a unidade seguinte ocorre apenas quando o discente domina o conteúdo do passo sob estudo. Exigir o domínio do conteúdo significa requerer 100% de acerto nas avaliações, isso resulta em impactos positivos na aprendizagem dos alunos e reduz a possibilidade do aluno ter dificuldade em conteúdos futuros por problemas de aprendizagem em conteúdos anteriores relacionados.

Ênfase na palavra escrita. O conteúdo e instruções referentes à disciplina estarão disponíveis ao aluno na forma de textos que podem ser acessados no momento considerado conveniente. Os recursos tecnológicos atuais disponíveis, como computadores e internet, serão utilizados como apoio à realização da disciplina. Todo o material disponibilizado deve ser lido e os alunos devem buscar o professor e o tutor para ampliar sua compreensão do assunto e dirimir dúvidas.

Ritmo próprio. Em função do método, cada aluno avança em seu ritmo próprio. Isso significa que um aluno pode estar no passo 5, enquanto outro ainda está no passo 1. A progressão ocorre na medida em que cada aluno, ao sentir-se preparado, realiza os passos e, sendo aprovado, avança.

Papel indispensável do tutor. A disciplina funciona com tutores ou monitores auxiliando o professor, em razão do elevado volume de contato direto para esclarecer os assuntos aos acadêmicos ou corrigir avaliações e prover feedback. Dúvidas no conteúdo e a avaliação dos passos podem ser realizadas com o monitor que, assim como o professor, providenciará feedback imediato. O monitor é um acadêmico do curso que concluiu a disciplina em um período anterior e foi selecionado mediante concurso. Após concluir a disciplina, se for de seu interesse, você poderá candidatar-se à monitoria.

Aulas e demonstrações como veículo de motivação. As aulas tem papel fortemente motivacional, considerando que as informações pertinentes à disciplina estão disponibilizadas no material fornecido.

Em razão das características do SPE, o papel do professor no sistema é algo diferente do usual. Em vez de realizar palestras em todo o horário da aula, o professor programa a disciplina, prepara e modifica o material de ensino de forma a aprimorar constantemente o curso, treina e supervisiona a atuação dos monitores e, principalmente, acompanha o desenvolvimento do aluno. Os efeitos do SPE são sentidos também no desempenho do estudante que é significativamente melhorado quando há autorregulação do comportamento acadêmico. Assim, o aluno deve ter a habilidade de reconhecer a necessidade de apoio, buscar recursos complementares (realizar leituras de apoio indicadas no material ou não) e identificar oportunidades para avaliar sua própria compreensão.

O fornecimento de feedback o mais próximo possível da emissão da resposta é central à lógica do PSE, pois quanto mais próximo da avaliação for realizado o feedback, melhor a aprendizagem e a retenção do conteúdo estudado. O reforçamento diferencial contingente à resposta permite respeitar o conhecimento inicial de cada acadêmico e tornar o processo de aprendizagem mais efetivo e menos aversivo.

Obedecendo a essa lógica, o mecanismo de avaliação dos passos no SPE aproxima a realização da avaliação do passo e a emissão do feedback pelo professor ou tutor. O aluno estuda um passo de cada vez e o material de cada passo será entregue ao estudante na medida em que ele concluir o passo imediatamente anterior. Em razão do domínio seqüencial do conteúdo, o acadêmico deve estudar o passo em que se encontra, bem como buscar informações complementares disponíveis, sugeridos ou não pelo professor, e solicitar a realização da avaliação do passo quando se considerar preparado. A aprovação em um passo implica no recebimento do material do passo imediatamente subseqüente e o acadêmico pode solicitar nova avaliação a partir da aula seguinte. Caso não seja aprovado, o aluno não pode requerer nova avaliação do passo no mesmo dia, nesse caso recomenda-se que utilize o tempo em sala para efetivar leituras e retirar suas dúvidas com o professor ou o tutor.

Caso erre duas ou mais questões, o aluno será informado de seus erros e receberá a sugestão de voltar a estudar o material escrito e retirar dúvidas em outro momento. Caso erre uma questão, o monitor ou o professor fará uma discussão sobre o aspecto teórico pertinente a questão. O acerto nas questões do passo não implica em aprovação, pois o professor ou monitor fará ainda uma questão verbal e, em caso de acerto, o acadêmico progredirá para o próximo passo. A falha em uma avaliação não é um acontecimento necessariamente ruim no sistema da disciplina. A avaliação do passo é vista no SPE como um momento de interação com o professor ou o tutor e, portanto, parte do mecanismo de aprendizagem.

A diferença de ritmos, em razão da velocidade com que cada um progride nos passos, não deve ser considerada motivo para que o acadêmico sinta-se forçado a avançar sem estar devidamente preparado3. Caso o aluno não atinja os critérios especificados para ser aprovado ao se submeter à realização de um passo, ele poderá refazer a avaliação quantas vezes forem necessárias sem que haja qualquer implicação sobre as notas.

A procrastinação, adiamento em realizar as atividades, por parte dos alunos pode configurar-se como um dos problemas do método. Nesse sentido, recomenda-se aos alunos que não concentrem as atividades da disciplina no final do período, pois a sobreposição com as demandas de outras disciplinas e a necessidade de avançar um passo por dia podem tornar impeditivas o alcance dos objetivos educacionais.

Dadas as características e a efetividade do PSE, a metodologia tem sido empregada de forma central ou complementar em cursos com formatação digital como na educação à distância. Vários trabalhos publicados mostram superioridade do SPE em relação aos métodos de ensino tradicionais, pois de modo geral, os alunos aprendem mais, lembram por mais tempo e gostam mais da experiência acadêmica vivenciada. Esperamos que os mesmos resultados sejam vivenciados por você. Boa disciplina!

Sugestão de leituras

Keller. 1999. Adeus, Mestre! Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 1(1):9-21.

Todorov; Moreira; Martone. 2009. Sistema Personalizado de Ensino, educação à distância e aprendizagem centrada no aluno. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 25(3): 289-296.

1 Oriundo do termo inglês behaviorism e, em alguns casos, aportuguesado para behaviorismo.

3 Caso decida-se por avançar, intensifique o ritmo de leituras e contate o professor e os monitores para retirar dúvidas até estar preparado para a realização das atividades. Não realize atividades com dúvidas, pois isso poderá resultar em permanência no passo.

Padrão
Não categorizado

O PT e a Medusa

Nesta eleição, a estratégia de PT e PSDB era apontar a política brasileira como uma polarização entre eles e considerar os demais partidos como nanicos insignificantes cujo único papel é fornecer tempo a um lado ou outro como coadjuvantes do processo eleitoral. Assim, os partidários de ambos, entravam nas redes sociais resumindo toda e qualquer tópico ao seguinte questionamento: quem foi melhor o PT ou o PSDB? E a pergunta se faz pertinente, uma vez que ambos defendem a mesma política, com pequenas variações no modus operandi. Tanto é assim que Dilma se agarra em mostrar que seu governo é a continuação de Lula e que fizeram mais e melhor que o PSDB, enquanto Aécio se arvora em defender que Lula deu sequência às conquistas de FHC, mas que Dilma estragou o processo. Ou seja, ambos dizem: Somos iguais, mas nós somos gerentes melhores, mais eficientes e competentes do que ele são. Votem em nós e não neles!

Com a morte de Eduardo Campos, o cenário muda e Marina entra no processo eleitoral como um furacão. Reposicionado em terceiro lugar e perdendo para a atual presidente em um eventual segundo turno, Aécio provavelmente seguirá atacando Dilma e o PT, pois de nada adianta bater em Marina, entrar no 2° turno muitos votos abaixo de Dilma e ser massacrado. Então, o tucano tentará crescer enquanto as duas atacam-se e desgastam-se mutuamente na disputa pelo Palácio do Planalto. A única exceção para essa linha de atuação virá se o PSDB decidir permanecer no 2° turno a qualquer custo. Nesse caso, atacará Marina e jogará todas as fichas em uma conquista da presidência a partir de uma rivalidade direta com Dilma e da igualdade do tempo de exposição de campanha midiática do 2º turno. Por outro lado, Marina, estando em segundo, vai apresentar-se como uma alternativa à polarização PT e PSDB, atacando o governo Dilma e valorizando as ações de Lula.

Ainda que se mantenha em primeiro, o PT, assim como o PSDB, vê implodida a estratégia traçada inicialmente. Sob a nova configuração dos percentuais de intenção de voto, com Marina suplantando Aécio, aproximando-se de Dilma perigosamente no 1º turno e com percentuais para vencê-la no embate direto do 2º turno, torna-se inócua a comparação entre PT e PSDB, dado o pragmatismo eleitoral. O risco de ver destruído seu projeto de perpetuação no poder faz com que o PT veja em Aécio e seu partido um perigo menor que Marina e o PSB/REDE e redirecione sua artilharia para a autodenominada terceira via.

Ao debruçar-se sobre o novo cenário eleitoral, o PT percebe que encara um espelho, pois enxerga o que ocorreu em 2002, mas com os papéis invertidos. Ele, o PT, agora é situação e precisa enfrentar um partido menor, com discurso à esquerda e apresentando-se como baluarte da moral e alternativa real de mudança.  Em 2002 o partido menor ganhou e mexeu no tabuleiro dos grandes partidos.  Encastelou-se no poder, onde está há 12 anos, e expandiu seus tentáculos em todas as direções possíveis, assim como o fizeram os outros partidos antes dele. Ao olhar-se no espelho, e ver no reflexo a imagem do PSDB de 2002, a pergunta que sobressalta os partidários da estrela é: E em 2014, como será?

Na tentativa de não deixar repetir o que ocorreu em 2002 com a eleição de um partido menor, a ação do PT nas redes já é outra.  Criticam Marina, apontam-lhe os defeitos e contradições na tentativa de desgastá-la e aumentar sua rejeição. Marina terá pouco tempo no período eleitoral para dizer a que veio. Dilma, por sua vez, terá muito tempo de propaganda para mostrar o que fez em seu governo e destruir a imagem de Marina. Mesmo que isso não seja feito no programa eleitoral, tal ação já está em curso nas redes sociais. Independente do que venha a ocorrer e de quem ganhe a eleição, a entrada de Marina na forma como aconteceu já teve pelo menos um mérito: mostrar que a política brasileira não se resume a apenas dois partidos como querem fazer crer PT e PSDB.  Que o diga a participação de Eduardo Jorge do PV no debate da Band que, com suas propostas conseguiu chamar a atenção sobre si. Pena que estiveram ausentes partidos que podem apresentar propostas divergentes daquelas que tivemos nas últimas décadas, como PCB (Mauro Iasi) e PSTU (Zé Maria).

A bela e encantadora Medusa, após deitar-se com Poseidon, foi transformada em um monstro de pele esverdeada, olhos saltados da órbita e cabelos de serpentes capaz de atemorizar e petrificar qualquer um que a visse. O PT na busca por chegar ao poder, mas principalmente após deitar-se com ele, abandonou seus princípios e transformou-se na antítese do que sempre defendera, o PSDB, atemorizando e deixando sem ação muitos daqueles que sempre lutaram ao seu lado. Com a mudança na configuração eleitoral causada pelo súbito aparecimento da candidatura de Marina, pela primeira vez, o PT é obrigado a olhar no espelho, reconhecer que não é a antítese do PSDB, e ver no que se transformou. E agora, conseguirá o PT enfrentar seu próprio reflexo ou quedará petrificado como ocorria com quem vislumbrasse Medusa?

Encerrado o texto, um momento de descontração.

Par ideal

Publicado originalmente no jornal Tribuna Amapaense, Nº 425, 06 de setembro de 2014.

Outros textos de Arley Costa podem ser lidos em https://arleycosta.wordpress.com/entrelinhas/

Padrão
democracia, discriminação, Entrelinhas, ideologia, Não categorizado, política, preconceito, saúde

O crack e os megaeventos

O autor deste texto é Andrew Costa, bacharel em Comunicação Social pela UFF, fundador do coletivo antiproibicionista Cultura Verde e membro da coordenação estadual Drogas e Diretos Humanos do Rio de Janeiro.

A política de proibição e repressão aos usuários de drogas, além de não ser eficiente na prática, tem levantado números preocupantes no último período. Em 2011 o tráfico de drogas passou a ocupar o primeiro lugar entre os crimes que mais encarceram pessoas no Brasil. Segundo o Ministério da Justiça essa tipificação penal já corresponde a 24% das prisões no país e o aumento deste foi de 284% só durante a última década.

Mais precisamente, nos últimos 16 anos o Brasil triplicou o seu número de encarceramento e 40% dessa massa (cerca de 500.000 pessoas) são negros, pobres e estão na faixa de 18 a 24 anos. Outro dado contrastante é a escolaridade das pessoas encarceradas: 46% destas não completaram o ensino fundamental enquanto os indivíduos com ensino superior completo correspondem a menos de 0,5% do total de presos.

O Núcleo de Estudos da Violência da USP constatou que o perfil do traficante mais reprimido pela ação policial é o pequeno traficante, o traficante pobre. A partir do estudo de 667 autos de flagrante percebeu-se que mais da metade (57%) não possuíam antecedentes criminais, 87% dos presos foram encarcerados sem qualquer tipo de assistência jurídica e em 55% dos casos foram presas pessoas que não estavam envoltas em nenhum tipo de violência em seu cenário de apreensão. Em resumo, a atual política proibicionista tem prendido prioritariamente os traficantes pobres de maneira arbitrária e sem correlação razoável entre sua atividade real e a pena a que é submetido.

Política de drogas e encarceramento

No período que antecede os Mega-Eventos Esportivos nas principais cidades brasileiras, a política de drogas tem se intensificado e a guerra às drogas já tem legitimado o encarceramento de cerca de 500 moradores em situação de rua na região de Pinheiros em São Paulo e 600 no centro do Rio de Janeiro, só para citar dois exemplos. Sem somar a essa conta as diversas outras cidades onde a problemática também se instala, já contamos mais de 1.000 pessoas presas pelo fato de serem pobres e sob a chancela e legitimação de um processo de proibição seletiva às drogas.

O recorte de classe dado na proibição parece ser claro; basta enxergarmos quem está sendo preso e visualizar um cenário claro de qual é o setor social que está sendo encarcerado em cifras de grande magnitude enquanto o uso de drogas continua sendo prática comum e sem repressão entre as elites de nossa sociedade.

Em meio a este processo é importante destacar o fenômeno de higienização urbana que os grandes centros, em especial as cidades-sede da Copa e Olimpíadas, vêm recebendo e irão receber para os mega-eventos. Além da política proibicionista, a necessidade de “limpar” as cidades de sua população pobre também tem legitimado o retorno de uma política manicomial preocupante: a internação compulsória.

O Rio de Janeiro tem sido pioneiro nesta política de criar estruturas que tem representado a volta da lógica manicomial e um grande retrocesso para a reforma psiquiátrica brasileira conquistada pelos movimentos sociais no campo da saúde, que há anos rompeu com a prática de encarcerar pessoas com problemas psicológicos e consolidou práticas mais humanas em um campo de saúde mental.

Autorizados a apreender e “tratar”

Em síntese, as comunidades terapêuticas e outras organizações não governamentais são organismos de administração privada ligados a grupos religiosos que recebem verbas do Estado para capturar usuários de crack em situação de rua e “tratá-los” em seus abrigos. A relação econômica entre grupos religiosos e o Estado também nos alerta para uma lógica preocupante que é a do lucro com o encarceramento de pessoas.

Um relatório recente do Conselho Federal de Psicologia também afirma que essas comunidades terapêuticas estão recolhendo crianças e jovens e dopando-as com uma mesma dosagem de medicação para todas sem avaliação médica ou qualquer outro tipo de triagem. Vale lembrar ainda que poucas vezes direitos humanos foram tão fortemente violados em fenômenos tão legitimados pela sociedade sob o discurso de que a internação compulsória é um mal necessário.

A internação compulsória não só não é necessária, como a prática manicomial é contraditória com a Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216, que busca consolidar um método de atenção à saúde mental aberto e comunitário que garanta a livre circulação dos “doentes mentais” pelos serviços, pela comunidade e pela cidade.

Esse programa conta com o que é o modelo defendido pelos movimentos sociais da saúde mental com Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou CAPS – AD (Álcool e Drogas) para casos específicos de usuários com problemas de drogas. Para além desses projetos, as clínicas de rua e a redução de danos também são alternativas à guerra que tem se travado contra os usuários de crack e aos fenômenos das cracolândias.

A ideia dessas medidas é ressocializar usuários a partir de um processo onde o paciente esteja convencido de que precise ser tratado e com a utilização de métodos terapêuticos diversos, sempre voltados a pensar os indivíduos como resultado de anos de desassistência e segregação  por parte do estado e não com a leitura simplista de que apenas a opção pelo uso de drogas é a raiz de todo problema e que podemos resolve-lo apenas obrigando o usuário à abstinência. A violenta política manicomial deve ser respondida com a alternativa da música, da arte e dos direitos humanos.

O “combate” enquanto lógica de guerra
Apesar das experiências de repressão aos usuários de drogas serem falidas e os movimentos sociais apresentarem política de atenção a essas problemáticas pelo viés da saúde, da recuperação dos usuários e respeitando os direitos humanos, a Secretaria Nacional Anti-Drogas parece mesmo estar convencida de que a solução não é acolher e tratar usuários, mas investir em mais repressão e violência junto ao seu tratamento inadequado.

A materialização do que se argumenta é o fato de estar chegando pelo programa do Governo Federal “Crack é possível vencer!” mais de 250 armas taser (pistola de choque que pode chegar a 5 mil volts e que recentemente a polícia utilizou para matar um jovem na Austrália), 750 sprays de pimenta, bases de monitoramento e câmeras de vigilância para combater os usuários de crack no Rio de Janeiro. A política de drogas de nosso país, hoje, dá ordem clara de que a solução para a problemática do tráfico e das cracolândias é mais guerra.

Em meio a todo esse preocupante cenário que está apontado como política federal para o Brasil nos próximos anos, vale lembrar ainda que Felipe Calderón, quando resolveu assumir a postura de guerra ostensiva às drogas como resposta à dinâmica dos narcóticos em seu país, colheu uma das estatísticas mais assombrosas de que se tem notícia em nossa história mundial recente: desde 2006 o México já conta com mais de 50.000 mortos e, hoje, das 10 cidades mais violentas no mundo 5 são mexicanas.

Em São Paulo, a intensificação da repressão policial pela política de repressão seletiva às drogas foi tamanha que a cidade já chega à marca de mais de uma centena de homicídios só no ano de 2012, a pobreza largamente assassinada tem respondido com novos homicídios e ataques a policiais fazendo com que o ciclo vicioso de violência tenha saído do controle do Estado enquanto as mortes não param. Mesmo assim, a guerra proibicionista continua e é reafirmada por autoridades das mais diversas a todo momento.

Posto esses elementos, fica claro compreendermos como a proibição seletiva e a lógica manicomial são políticas que tem se intensificado fortemente em nosso país por meio da política de drogas. A proibição é uma política de Estado que vem legitimando a criminalização da pobreza e a internação compulsória vem limpando a cidade dos pobres que insistem em continuar ocupando os centros urbanos.

Publicado originalmente no jornal Tribuna Amapaense, Nº 418, 19 de julho de 2014.

Outros textos de Arley Costa podem ser lidos em https://arleycosta.wordpress.com/entrelinhas/

Padrão